Akira - vol 1
Olá pessoal, aqui é o Kakeru17 e escrevo este artigo da
cidade de Neo Tokyo, no ano de 2018. Direto do Estádio Olímpico trago uma
notícia bombástica para vocês: AKIRA ESTÁ DE VOLTA!!!
Deixando a introdução climática de lado e falando do mangá,
AKIRA é uma obra de Katsuhiro Otomo publicada na revista Young Magazine entre
1982 e 1990, rendendo 6 volumes, uma adaptação em filme animado de 1988 e
diversos prêmios além de grande prestígio entre a crítica especializada e os
fãs de quadrinhos do mundo todo.
A obra é tida como um clássico do estilo cyberpunk e é uma
das mais conhecidas e influentes dentro e fora do Japão; não é à toa que está sendo lançada pela editora JBC em uma edição de colecionador, e é em cima do
primeiro volume dela que basearei meu artigo.
Não me atentarei a descrever a história aqui, focarei em
comentar sobre o que li nesse volume e das minhas expectativas para os próximos. Sente-se
na garupa dessa moto, segure-se firme e me acompanhe até a “Nova” Tokyo de um ano no futuro!
A HISTÓRIA
AKIRA tem uma narrativa ágil e dinâmica que muito se
assemelha a filmes de ação hollywoodianos, se focando – ao menos nesse primeiro volume – em desenvolver seus personagens em meio a constantes situações de conflito,
tais como: perseguições de moto, tiroteios e conspirações.
Isso remete àquela velha frase: “Não fale, mostre”, e é
exatamente isso que se pode ver no mangá. É uma história que ao pôr seus
personagens contra a parede repetidas vezes vai trabalhando suas personalidades, enquanto aos poucos constrói uma trama maior, dando pequenas pistas sobre a
direção que deve seguir, mas passando longe de se tornar previsível.
O fator sobrenatural apresentado é interessante – as
crianças especiais e seus poderes psíquicos –, mas tem um background pouco
trabalhado e por isso o que se destaca mesmo nesse começo são as gangues de
motocicletas que acabam sendo tragadas para esse enredo por Kaneda de um lado e
Tetsuo do outro.
Aliás, é Tetsuo – aquele que passa a desenvolver poderes
psíquicos – que dá nome a esse primeiro volume, mas ele, infelizmente, é pouco
desenvolvido – considero esse o único problema destacável da história até aqui
e que espero que seja “corrigido” mais adiante – e aparece mais em momentos
pontuais da trama.
Enquanto isso, quem brilha de verdade é Kaneda, que consegue
cativar o leitor com seu atitude arrojada e carisma natural, sempre encontrando
formas de sair das mais difíceis situações em que se mete, mostrando mais nuances
da sua personalidade que caracteriza bem um “saudável delinquente juvenil” como
ele gosta de chamar a si e a seus parceiros de gangue.
No final do volume acabamos vendo Kaneda tentando parar
Tetsuo – que usou seus poderes psíquicos para dominar outra gangue de
motocicletas –, eles se confrontam e fica claro que há algum tipo de problema
mal resolvido na amizade – que vem desde a infância – dos dois, o que suponho
que deva ser trabalhado mais para frente, dando base para a famosa frase que segue
a obra: “Kaneda ou Tetsuo?”, por esse primeiro volume para mim é Kaneda, com
certeza!
O AKIRA – que seria a criança com maior poder psíquico na
história – teve seu “despertar” pouco trabalhado ao longo do volume, mas ficou claro
que ele é temido por Shikishima – o militar que cuida dos assuntos relacionados
ao caso – e que ainda deve ter um papel fundamental na história – não
deve ser à toa que ele empresta seu nome à ela, né.
Esse primeiro volume foi um constante “bater e correr” que
rendeu ótimas cenas de ação e perseguição, mas que apenas começou a trabalhar
os elementos da história sem, contudo, apresentar objetivos concretos para a
maioria dos personagens. Acredito – e espero – que a partir do volume seguinte
já nos deparemos com a definição de algumas coisas e revelações de detalhes que
nos ajudem a entender melhor esse universo pós-terceira guerra mundial, assim
como a direção que a história irá seguir.
O FILME
AKIRA foi adaptado para filme de animação em 1988, tendo
direção do próprio autor, filme esse que usa apenas parte da história com
diversas modificações e um final que até onde sei é original – já que vi o
filme, mas ainda não li o final do mangá.
A obra cinematográfica é considerada um clássico que marcou
muito a animação japonesa por apresentar uma qualidade técnica superior à das
animações feitas na época, sendo até hoje grande influência nesse quesito.
Inclusive, acho esse o ponto forte dele já que seu roteiro não é ruim, mas
deixa bastante a desejar pela velocidade e a forma como são apresentados os
fatos, mantendo uma similaridade mínima com o mangá, mas tendo grandes
diferenças na execução dos acontecimentos.
Se me perguntarem se indico o filme eu diria que o indico
sem sombra de dúvidas, pois é uma belíssima obra no que tece aos quesitos
técnicos, – animação, trilha sonora, dublagem, etc – e considero a melhor forma
de adentrar no universo de AKIRA, já que ao ver o filme é mais fácil a pessoa criar
interesse em ler o mangá e ver como a história se diferencia entre as duas
mídias.
A EDIÇÃO
Por ser um clássico cultuado no mundo inteiro entre os leitores não só de mangás, mas de quadrinhos em geral, AKIRA ganhou sua segunda edição brasileira – a primeira lançada pela editora JBC –, tendo a primeira sido lançada
nos anos 90 pela editora Globo – a qual foi adaptada para o formato dos comics
americanos. Essa segunda edição possui um formato luxuoso com sobrecapa, forma de leitura
oriental, páginas em preto e branco, – com algumas coloridas – papel lux cream
e um tamanho de edição e número de páginas bem maior que o padrão para mangás.
A edição brasileira é a segunda – a primeira foi a francesa
– de uma onda de relançamentos de AKIRA que teve o aval do autor. Ele passou
anos sem querer novos lançamentos de sua maior obra, mas se empenhou para viabilizar a restauração e digitalização do material do mangá.
Não é por acaso que o preço é de R$69,90 – bem maior que os
preços que vemos no mercado de mangás do pais –, o que considero justo devido a qualidade da edição e a relevância da obra, além de que no próprio site da
editora se pode comprar esse primeiro volume com frete grátis e 10% de desconto – com direito a diversos brindes –, e dá para encontrá-lo com descontos ainda
maiores nos sites da Amazon, Saraiva, etc – mas sem os brindes.
Só não tiro fotos da minha edição porque não sou muito bom
em tirar fotos – e não encontrei um lugar com boa iluminação para isso –, mas
posso garantir que esse primeiro volume foi uma das leituras mais prazerosas que
fiz na vida, destacando o fato de que o mangá não tem divisão por capítulos, o
que tornou a leitura mais fluida e me proporcionou uma maior imersão na
história.
No que tece a tradução e edição de balões e notas, gostei bastante do trabalho apresentado, assim como da adaptação feita –
tirando um ou outro termo que não achei muito bons, mas que não atrapalharam a
leitura – e do tratamento dado às páginas coloridas assim como a capa e
sobrecapa que ficaram excelentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse primeiro volume é uma edição que vale muito a pena para
colecionadores de mangás, amantes do gênero sci-fi e toda e qualquer pessoa que
se interesse por uma boa história. Não considero que existam “obras
obrigatórias” de se ler, mas se houvessem, AKIRA com certeza figuraria fácil em
qualquer top de quadrinhos obrigatórios por aí!
A má notícia sobre esse lançamento é que, por causa da demora na aprovação da edição por parte dos japonese, o intervalo entre volumes será grande e instável, fazendo com que quem gostou da
história e ainda não a leu – meu caso – tenha que esperar bastante para
acompanhar a continuação. Em compensação, não vai pesar tanto no bolso ter, na melhor das hipóteses, dois volumes do mangá para comprar por ano.
Fico por aqui e deixo a dica para vocês: corram mais rápido que uma moto em alta velocidade para ler AKIRA, não devem se arrepender!
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