Resenha: Mushishi - O sobrenatural Japão feudal
Bom, eu diria que não sou o melhor quando se trata de apresentações, mas como é necessário, então não há muito do que reclamar. Sem enrolação, vamos logo com isso. Olá a todos, como já é óbvio — eu acho — meu nickname é Nomichi e eu serei redator aqui no Mangá21. Aliás, eu também sou redator lá no Anime21, por favor, me acompanhem aqui e lá!
Enfim, como esse é o meu primeiro artigo aqui no site, então resolvi falar de um dos meus mangás favoritos. Misturando histórias originais japonesas, drama e o sobrenatural, temos: Mushishi, um mangá que sem dúvidas é uma obra-prima para aqueles que gostam de ler histórias variadas.
O enredo de Mushishi gira em torno dos Mushis ("Mushi", uma palavra japonesa para inseto), criaturas que possuem poderes sobrenaturais. Os Mushis são descritos como a essência da vida, sendo as criaturas mais básicas e puras desse mundo. A maioria dos humanos comuns não podem ver ou sentir sua presença. Poucos possuem essa capacidade. O protagonista Ginko, um caçador de Mushis — Mushishi —, viaja de lugar a lugar no Japão feudal em busca de Mushis que estejam causando problemas aos humanos.
Mushishi se desenvolve em um formato bastante episódico, de forma parecida com Natsume Yuujinchou. Cada capítulo segue Ginko, que é um errante 'Mushishi' — um especialista que lida com os "Mushi", que no caso, são formas de vida curiosas cuja existência pode definir o sentido da vida —. A maioria das histórias conta como Ginko consegue resolver problemas relacionados aos mushi durante suas viagens, no entanto, o enredo evita se passar de maneira lenta, já que ocasionalmente isso iria quebrar o fluxo do mangá. Durante essas viagens podemos ver também algumas cenas do passado de Ginko, desenvolvendo aos poucos o protagonista. Essa mudança de foco nos oferece algo além do conto ali presente e também nos mantém interessados.
As histórias presentes em Mushishi são extremamente originais e variadas, algumas felizes e esperançosas, outras trágicas, e cada uma com algo a acrescentar ao complexo mundo de Mushishi. De fato, um dos pontos fortes da mangaká Yuki Urushibara é a sua capacidade de apresentar histórias claras e personagens simpáticos, dentro dos limites de cada capítulo sem ultrapassar a própria história; Em vez disso, ela costuma usar blocos largos de paisagem e close-ups de conversas e monólogos para criar uma narrativa lenta, que no final, te persegue e se guarda na sua memória.
Com a sua caneta tinteira, Urushibara traz à vida vários Mushis bizarros e uma sensação selvagem da terra e da natureza. Em Mushishi, tirando Ginko, todo mundo usa um quimono, definindo o mangá na época do Japão rural, com colinas, pântanos e arrozais. Além disso, não é só de pântanos que vive Mushishi, no decorrer dos volumes, as estações também se deslocam, criando até mesmo belíssimas paisagens congeladas.
O desenvolvimento de caráter está claramente presente nesse mangá. O protagonista — Ginko — é verdadeiramente um personagem maravilhoso. Sua personalidade calma e confiável é uma coisa que eu ainda não vi em qualquer outro mangá, isso automaticamente coloca você em um estado de alívio para segui-lo em sua jornada para descobrir mais sobre os Mushis. No entanto, embora ele seja o protagonista, ele é apresentado como um personagem secundário nas histórias e é a “alimentação” de tudo. É notável que as pessoas — com problemas envolvendo os Mushis — que recebem amplo foco para desenvolver suas personalidades. Enquanto você pode não se lembrar de todos os nomes dos personagens presentes em Mushishi, você aprende o suficiente sobre eles, fazendo até mesmo você querer saber o que irá acontecer com eles, ou sequer se preocupar com o que acontece com eles. É algo incrível, considerando que a maioria dos personagens só aparecem uma vez em todo o mangá.
Ginko, por outro lado, é um enigma com sua roupa ocidental e cabelos brancos e olhos verdes, o seu caráter é desenvolvido apenas por um par de capítulos que revelam o seu passado e através de suas inúmeras interações com os outros personagens dentro do mangá. Enquanto isso poderia ser uma fraqueza em outros mangás, é uma grande força em Mushishi. A falta de história sobre Ginko permite um maior foco sobre os outros personagens, os Mushis e seus problemas. Ele age de uma forma imparcial, e só faz o que ele acha que será melhor para os povos que pedem ajuda. Apesar do mangá seguir Ginko, o enredo de Mushishi é toda sobre os Mushis e como eles afetam o mundo.
Eu li um vasto leque de mangás de muitos gêneros diferentes, e eu digo isso de uma forma honesta: Mushishi é uma obra-prima. Sem falar que a mangaká, Yuki Urushibara , é simplesmente uma incrível contadora de histórias.
O traço de Mushishi começa de uma maneira bem ''rudimentar'' e com o passar do tempo vai evoluindo de uma maneira ótima. O estilo do traço é entre o esboço e o sólido, linhas claras e limpas, fundos atuais na maioria das vezes e esboços que aparentam até mesmo animar uma natureza desértica.
No geral, o enredo é sobre isso: Mushis, a vida e a natureza. Vemos os efeitos que os Mushis têm sobre as pessoas e suas vidas. Nós vemos também a variedade de poderes e efeitos que os Mushis possuem. Nós vemos como eles coexistem com a natureza. Nós vemos como podemos confundi-los com o sobrenatural. E vemos como eles podem trazer para fora o melhor e o pior de nós. Se você é um fã de contos de fadas ou de sobrenatural, dê uma chance para Mushishi. Eu acho que você vai se viciar na maneira graciosa que as histórias são contadas no mangá.
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